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    Elaborar este portfólio foi realizar um passeio pela vida, reconhecendo como as diversas dimensões da vida são uma simbiose fundida de conhecimentos, competências, vivências, momentos, feituras de retalhos informais e formais que permitem ter indícios e evidências que tocam todas as UC do referencial de competências do formador.

         Daí ter abrangido tudo o que considerei ser de destaque e diferenciador na minha vida.

       Deixo aqui uma história ligada ao mar, muito sumária, que mostra que o processo de diagnóstico, conceção, implantação e avaliação de competências está presente na vida, conduzindo à certificação de paixões de vida com profissionais dedicados, que mostram que o improvável acontece e que no mar da vida as competências e a sua manifestação revelam que todos podemos ir por mares nunca antes navegados, com a ajuda de formadores que são pessoas que dão de si para que possamos ter a alegria que sinto hoje por estar perto de concluir mais uma etapa, a de certificação de formação de formadores, graças a todos os colegas e às formadoras Carla Barbosa e Maria do Rosário Antas, mulheres ao leme que conduziram o barco a bom porto e seguro de que quero continuar a aprender.

Fica a reflexão em jeito de storytelling

 

     “Há mar e mar, há ir e voltar,” frase é da autoria do poeta Alexandre O’Neill. Em 2010, a Associação Salvador, vocacionada para a promoção de projetos, arrojados, diferenciadores e impactantes na vida de pessoas com mobilidade reduzida, lançou um desafio, onde era possível escolher vivenciar uma de várias experiências… eu escolhi o mergulho.

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    Nesse mesmo ano, ligaram da Associação Salvador a perguntar se queria ir às piscinas de Sesimbra para dar início à experiência de mergulho. Tinha borboletas no estomago, daquelas próprias dos miúdos, sabem? Conheci pessoas que fazem parte de mim ainda hoje. Voluntários produtores daqueles sorrisos viscerais. Olhem só para a foto!

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     Se correu todo bem? Longe disso, o regulador estava sempre a cair devido à minha espasticidade que faz o lábio tremer de modo involuntário. Os meus dias como mergulhadora mal tinham começado, já estavam contados! Nada disso!!!

     No dia 15 de agosto de 2010 deu-se o batismo de mergulho no mar de sesimbra. Eu com máscara full face, a parecer um ET, mas com uma felicidade que transbordava, ao ponto de o meu pai dizer: “Ela vai feliz.”

 

     Do que me lembro? Tanto que é impossível relatar, mas lembro-me dos meus pais e um conjunto de voluntários ajudarem a vestir o fato de mergulho, a minha entrada no mar, o mergulho com estes dois senhores na fotografia, receber a heliotis que ainda hoje guardo e de ter ficado com uma paixão que ainda hoje tenho pelo mergulho e espírito de mergulhador — camaradagem, cuidado, entreajuda, respeito pelo mar e todas as suas formas,…

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     Do primeiro mergulho, até hoje, vai mais de uma dezena, com tantas, mas tantas estórias para contar, onde talvez destaque a participação em Limpeza Subaquática, onde as equipas voluntárias trouxeram, numa manhã, toda a espécie de lixo que podem imaginar do fundo do mar, onde vi libertar um peixe e senti uma gratidão imensa por poder viver a experiência.

 

      Hoje tenho o curso de mergulho de open water diver, da PADDY, mas mais importante mergulho como podem ver na segunda fotografia, com máscara e regulador, graças a quem nunca desistiu e acreditou que conseguia vencer a espasticidade. Prémio? Rir debaixo de água graças a um arroz de polvo que podia ter sido, mas felizmente não foi!

     A todos os que me acompanharam nesta odisseia marinha um abraço Neptúnico de gratidão, porque se olharmos para os recursos pelos recursos e para o ótimo é inimigo do bom, nunca chegamos a fazer dos recursos muito mais do que parecem ser e jamais constatamos que é o bom que é inimigo do ótimo, fazendo jus à frase: “Há mar e mar, há ir e voltar.”

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